A castanha, conhecida tradicionalmente como “Castanha-do-Pará”, é um dos produtos mais emblemáticos da biodiversidade brasileira. Seu valor nutricional, sua versatilidade gastronômica e sua importância socioeconômica para comunidades extrativistas da Amazônia a tornam um alimento estratégico tanto no Brasil quanto no exterior.
Nos últimos anos, porém, a castanha passou a chamar atenção não apenas pelo seu sabor e benefícios à saúde, mas também por uma mudança significativa em sua nomenclatura. O termo “Castanha-da-Amazônia” tem sido cada vez mais adotado por instituições, marcas e veículos de comunicação.
Mas o que motivou essa mudança? E como ela afeta produtores, exportadores e consumidores?
Este conteúdo vai explorar as razões por trás da alteração do nome, os conflitos e interesses envolvidos, e os impactos dessa mudança para o setor castanheiro.
O que este artigo aborda:
- A origem do nome “Castanha-do-Pará”
- A mudança para “Castanha-da-Amazônia”: o que motivou?
- Debate entre estados produtores: orgulho ou disputa?
- A perspectiva dos consumidores e do mercado
- Impactos na indústria: rotulagem, marketing e exportação
- O papel da biodiversidade e da imagem da Amazônia
- O que dizem os especialistas e órgãos técnicos?
- Oportunidades para o setor com a nova denominação
- Conclusão: mais do que um nome, uma identidade amazônica
A origem do nome “Castanha-do-Pará”
O nome “Castanha-do-Pará” surgiu naturalmente em virtude da localização geográfica onde se concentrava grande parte da produção e comercialização da castanha: o estado do Pará. Durante muito tempo, Belém era o principal porto de exportação do produto. Essa característica contribuiu para que o nome se popularizasse tanto no Brasil quanto fora dele.
Adicionalmente, o termo era amplamente utilizado em feiras, mercados, livros de culinária e mesmo em registros científicos. O nome fazia sentido, especialmente numa época em que o Pará era o principal ponto de escoamento da produção amazônica.
Porém, essa nomenclatura acabou por invisibilizar a produção de outros estados da Amazônia Legal, como Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, que também têm papel expressivo na cadeia produtiva da castanha.
A mudança para “Castanha-da-Amazônia”: o que motivou?
A principal motivação para a mudança está relacionada à representatividade territorial. A castanha não é exclusiva do Pará, sendo colhida em diversos estados que compõem o bioma amazônico. Adotar a denominação “Castanha-da-Amazônia” tem o objetivo de dar mais visibilidade a toda a região amazônica como origem da espécie Bertholletia excelsa, árvore nativa da floresta tropical.
Além disso, há um movimento crescente de valorização da identidade amazônica, tanto do ponto de vista ambiental quanto comercial. O nome “Castanha-da-Amazônia” reforça o vínculo do produto com a maior floresta tropical do mundo, o que, sem dúvida, agrega valor em mercados que buscam alimentos sustentáveis e rastreáveis.
A alteração também foi impulsionada por iniciativas políticas e campanhas institucionais, que defendem uma visão mais inclusiva e menos regionalizada da produção castanheira. Em última instância, trata-se de uma disputa simbólica, mas que tem implicações econômicas, sociais e mercadológicas significativas.
Debate entre estados produtores: orgulho ou disputa?
A princípio, a mudança de nome provocou reações distintas entre os estados da Amazônia Legal. No Pará, muitos viram a alteração como uma tentativa de apagar sua relevância histórica. Afinal, o estado foi durante décadas o principal exportador da castanha. Por isso, há um forte apego à marca regional que carrega seu nome.
Por outro lado, outros estados, como Acre, Amazonas e Rondônia, consideraram a mudança positiva. Para esses produtores, a nova nomenclatura traz maior visibilidade para o conjunto da região amazônica. Isso pode gerar mais apoio institucional, investimentos e reconhecimento da diversidade de origens.
O debate, portanto, vai além de uma simples troca de nome. Trata-se de uma disputa por identidade, mercado e protagonismo na cadeia da castanha.
A perspectiva dos consumidores e do mercado
Para o consumidor final, a mudança ainda é recente. Muitos continuam utilizando o nome antigo por hábito ou falta de informação. No entanto, pesquisas mostram que há uma tendência crescente de aceitação do novo termo, especialmente entre públicos que valorizam questões ambientais.
Em mercados internacionais, como Europa e Estados Unidos, a palavra “Amazônia” tem forte apelo. Ela está associada à biodiversidade, sustentabilidade e conservação ambiental, por exemplo. Isso faz com que “Castanha-da-Amazônia” seja uma denominação mais estratégica para exportação.
Empresas que já adotaram o novo nome relatam maior interesse de compradores estrangeiros. Isso reforça a ideia de que a mudança pode gerar ganhos de posicionamento e diferenciação no mercado.
Impactos na indústria: rotulagem, marketing e exportação
A mudança de nome exige adaptações em várias etapas do processo produtivo. Um dos primeiros impactos está na rotulagem dos produtos. Marcas precisam atualizar embalagens, descrições e materiais de divulgação.
No marketing, o novo nome pode ser explorado como um diferencial competitivo. “Castanha-da-Amazônia” transmite uma ideia de origem nobre, ligada à floresta e à sustentabilidade. Isso pode abrir portas em nichos de mercado mais exigentes.
Por fim, na exportação, a nova nomenclatura está sendo bem recebida. Ela dialoga com os critérios de rastreabilidade e origem valorizados em mercados premium. No entanto, ainda há desafios. É preciso padronizar o uso do termo para evitar confusões ou duplicidade nas prateleiras.
O papel da biodiversidade e da imagem da Amazônia
A nova nomenclatura fortalece a conexão entre o produto e a floresta amazônica. A castanha é colhida de forma extrativista, sem desmatamento, tornando-a um símbolo de sustentabilidade.
Ao adotar o nome “Castanha-da-Amazônia”, o setor aproveita o valor simbólico da floresta, agregando, assim, valor ao produto e ajuda a posicioná-lo como uma escolha consciente.
Ademais, a imagem da Amazônia é usada em campanhas de marketing. Rios, árvores e comunidades tradicionais aparecem em rótulos e anúncios. Essa estética aproxima o consumidor da origem do alimento.
A biodiversidade é um ativo que vai além da nutrição, pois ela representa cultura, ecologia e responsabilidade ambiental. Por isso, o nome da castanha importa.
O que dizem os especialistas e órgãos técnicos?
Nutricionistas destacam que a castanha continua a mesma em termos de composição. Rica em selênio, gorduras boas e proteínas vegetais, ela permanece um superalimento.
Especialistas em marketing defendem a mudança. Para eles, o novo nome cria uma identidade mais forte, alinhada com as tendências de consumo sustentável.
Órgãos como a Embrapa e o IBGE têm adotado o termo “Castanha-da-Amazônia” em documentos oficiais. A mudança também aparece em relatórios e pesquisas acadêmicas.
O Ministério da Agricultura ainda aceita as duas denominações. No entanto, há uma tendência de unificação para facilitar exportações e registros.
Oportunidades para o setor com a nova denominação
A mudança de nome abre portas para novos mercados, já que produtos com apelo amazônico estão em alta no exterior. Isso favorece exportações com maior valor agregado.
Também surgem oportunidades de branding. Pequenos produtores podem reposicionar seus produtos com identidade territorial forte.
O turismo gastronômico é outro setor que pode se beneficiar. Restaurantes e feiras regionais ganham força ao destacar ingredientes com origem amazônica.
Além disso, o nome “Castanha-da-Amazônia” pode ser usado em programas de certificação. Isso garante origem e sustentabilidade, aumentando a confiança do consumidor.
Conclusão: mais do que um nome, uma identidade amazônica
A mudança de “Castanha-do-Pará” para “Castanha-da-Amazônia” vai além da linguagem. Ela representa um movimento de valorização de toda a região amazônica, de seus povos, sua biodiversidade e seu papel estratégico na produção sustentável.
Embora o antigo nome ainda seja amplamente usado, o novo termo ganha espaço por refletir melhor a origem e a diversidade do produto. Ele também abre novas possibilidades de mercado, comunicação e identidade territorial.
Para produtores, marcas e consumidores, essa transição oferece uma oportunidade de reconectar o alimento à floresta. Ao chamar de Castanha-da-Amazônia, damos visibilidade a um bioma essencial e fortalecemos a imagem do Brasil como referência em produtos naturais e éticos.
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